segunda-feira, 25 de maio de 2009

As Mudanças do Corpo da Idade Média aos dias atuais

Li na Folha de São Paulo do dia 10 de maio, uma matéria com o sociólogo francês Georges Vigarello. Ele mostra como a obsessão pela forma perfeita foi se modificando desde a idade média até hoje. 
No livro "História da Beleza"(Ediouro), o autor analisa os conceitos de beleza do Renascimento até os dias atuais, mostrando suas transformações.
Transcrevo aqui as partes da entrevista mais interessantes:
O séc 19 constitui uma ruptura absoluta, cuja a importância ainda não mensuramos. Nas concepcões médicas e higienista da época, o músculo e o pulmão são objetos de todas as atenções.
Mais concretamente o séc 19 inventa a ginástica. O princípio totalmente novo é o de que exercícios mecânicos seriam capazes de melhorar as forças e a eficácia do corpo.
A ambição é transformar o corpo para aperfeiçoar os músculos e gestos. É nesse quadro que aparece a ginástica escolar: todas as crianças efetuam ao mesmo tempo e no mesmo ritmo um certo tipo de movimento. Inventa-se as salas de ginástica  e máquinas para obrigar o corpo a trabalhar.
O tempo parece produzir libertações em cascata. O corpo da criança em Rousseau é libertado em relação aquele que se trancava nos malhas e nos corpetes. O corpo da ginástica dá mais autonomia e disponibilidade a criança, enquanto o mantém nas formas de rigídez com exercícios precisos e forçados. Logicamente surgiram críticas severas a ginástica, considerada autoritaria demais, sucetível inclusive a promover uma cultura excessivamente militar....
Já no inicio do séc XX, os primeiros psicólogos começam a falar em sensações internas....Piaget falou em inteligência sensorial e motora e colocou em envidência o fênomeno da interiorização da motricidade. Mas só no anos 60 que a psicologia irá influenciar as praticas, e o corpo não é mais concebido como uma simples mecânica, mas como um portador de mensagens, de informações, de sensações vividas.
A partir daí tomamos consciência de que o corpo tornou-se o suporte da nossa identidade. Daí expressões cada vez mais individualistas como o piercing, as tatoos.....
Certas praticas, como as maratonas, festas raves, com seus consumos e transes múltiplos, constituem uma maneira de explorar o corpo além de seus limites: a ausência de limitações do corpo toma o lugar das antigas transcendências.
Esta entrevista saiu na Sciences Humaines.